11 de novembro de 2009

MATÉRIA POSTADA NO SITE: http://quatrorodas.abril.com.br/classicos/faixa/replicas-spyder-cobra-gt40-498835.shtml#galeria

Setembro 2009

Réplicas: Spyder, Cobra e GT40
Eles são cópias, mas o charme e o prazer ao dirigir são quase iguais aos originaisPor Marcelo Moura Fotos: Christian Castanho

O fim de tarde é diferente, no outono de São Paulo. O céu fica azul-alaranjado por duas horas, até que o tempo esfria e a noite cai. Me lembra Vanilla Sky, filme no qual Tom Cruise dirige uma Ferrari 250 GTO e namora a Cameron Díaz – e a Penélope Cruz. Não vou contar muito para guardar o suspense para quem não assistiu, mas o “céu de baunilha” do título faz parte de um mundo perfeito, mais ou menos como este meu aqui. É uma segunda-feira e não estou trabalhando entre quatro paredes. Estou no autódromo de Interlagos com a pista vazia. Parados no pátio diante do portão 9, de chave no contato, três dos maiores esportivos de todos os tempos: Porsche 550 Spyder, Shelby Cobra e Ford GT40. Na verdade, é quase isso. Chamonix Spyder 550 S, Newtrack Cobra e Americar GTA 40 são dublês (a GTO do Tom Cruise também era). Reconstituições do mundo perfeito feitas de fibra de vidro, com adaptações técnicas e preço possível. “Preço possível” não é só um detalhe bem-vindo, ele permite que esses carros sejam fiéis ao espírito dos originais. Um Spyder legítimo, dos anos 50, hoje custa perto de 1 milhão de euros. Duvido que alguém fique à vontade dentro dele. O Chamonix Spyder, pelo contrário, é de casa. Seta para a esquerda, pé no acelerador e, com 2 metros de convivência (a largura da calçada diante da loja onde busquei o carro), já somos íntimos o bastante para pegar a avenida congestionada até o autódromo. O Spyder é extremamente básico, não há muito o que aprender. A porta abre, mas se quiser passar por cima, como num bugue, fique à vontade. O banco concha vai para a frente e para trás, é tudo o que se permite de ajuste – e eu, com 1,94 metro, fico na dúvida entre ver o mundo por cima ou através do para-brisa. Livre de forrações, a cabine é trespassada pelo chassi tubular. O resto é acelerador, volante, freio e embreagem, sem assistências hidráulicas ou eletrônicas. Tudo que você precisa para ser feliz. É com ele que começo minhas voltas no autódromo. O carro tem 680 kg, algo fundamental no Spyder. Leve, chega aos 100 km/h em 8,5 s, mesmo tendo um motor sem brilho – o VW 1.8 flex, de 106 cv. O Spyder raramente passa de 200 km/h, nesse circuito de subidas e descidas fortes. A Chamonix está preparando uma versão de pelo menos 150 cv. Que venha logo. A aceleração do Spyder está longe de ser vertiginosa, mas a agilidade em geral é muito boa. Como a inércia da carroceria é pequena, é sempre possível arriscar, errar e corrigir a trajetória. O acelerador demora a responder e, quando vem, percebo que pisei fundo demais. A traseira escapa, mas um golpe na direção põe tudo de volta ao lugar. Sinto falta de bancos mais envolventes – nas curvas longas, apoio a perna na parede da cabine, para segurar o corpo. De qualquer jeito, esse é o tipo de coisa que eu poderia encomendar à Chamonix, na hora da compra. É tão fácil se encontrar dentro do Spyder que, às vezes, você se esquece de que ele não é seu. O Spyder é franco, transmite confiança. Com disposição para trabalhar volante e pedais, você o põe onde quer no traçado, como se fosse um irmão maior do kart. Não cronometrei as voltas, mas posso afirmar que, no Spyder, os tempos de volta logo ficam parecidos. Com o traçado de Interlagos resolvido na cabeça, é hora de buscar o desconhecido. O AC original inglês tinha muito a ver com o Spyder alemão, eram esportivos leves e quase contemporâneos. Mas o AC ganhou o sobrenome Cobra quando o texano Carroll Shelby lhe deu um toque de americanidade: violentou o esportivinho com um V8 small block. O visual do Newtrack, fiel ao Shelby Cobra, conta essa história. Ele traz os elementos básicos que fazem do Spyder um carro simpático (faróis redondos na frente, as ancas dos para-lamas atrás), mas anabolizados a ponto de torná-lo ameaçador. Dos 4,1 metros de comprimento, quase metade é dedicada ao motor. A carroceria é 30 centímetros mais larga que a do Spyder, mas a cabine é menos espaçosa. O casal viaja como se estivesse brigado – afastados um do outro e na diagonal, apontados para o lado de fora. Culpa do largo túnel do câmbio, invadindo a cabine. O trambulador também faz questão de impor sua presença: com movimentos largos, você desengata a primeira (tlic) e leva até a segunda (tlic). Muito suave, se levado na direção certa, e absolutamente inflexível, se você tentar levar para fora dela. Isso diz algo sobre o espírito do carro. Este Cobra pesa 1100 kg, quase o dobro do Spyder. Enquanto um é básico e enxuto, o outro tem acabamento de carro burguês, com suas peças de alumínio maciço (repare nos pedais, com o logotipo “AC”), couro preto e madeira. O banco concha sugere esportividade, mas a adaptação da Newtrack faz deste Cobra um carro de passeio: com assento elevado e a pedaleira num rebaixamento do piso, a posição de dirigir é confortável e panorâmica. A relação peso-potência é bem melhor que a do Spyder (4,8 km/cv contra 6,4), graças ao motor V8 de 230 cv, mas as coisas acontecem num outro ritmo. O ponteiro do conta-giros sobe mais devagar. Isso tira agilidade do carro, mas dá um ar de cerimônia adequado. Parece mesmo que estamos despertando uma força da natureza. Os canos de escape saem das duas bancadas do V8 diretamente para as laterais do carro, onde cada quarteto se junta num silencioso meramente formal no começo da porta e despeja sua fúria sonora ao fim dela, junto dos ouvidos dos ocupantes. O ronco começa grosso, grave, na freada da curva do Bico de Pato, mas na subida da curva da Junção ganha timbres de uma britadeira – os oito pistões socando o ar de um lado para o outro, 100 vezes por segundo, empurrando essa locomotiva na subida para a reta dos boxes. A vontade é cravar o pé e conhecer os limites desse carro tão intimidador, mesmo sem saber se o freio vai dar conta no fim da reta. São segundos de êxtase inconsequente e suicida, até que as placas anunciando a proximidade da curva chamam de volta para a realidade e para os freios. Este Newtrack Cobra esconde suas reações mais que o Chamonix. É dissimulado, não se entrega de pronto para um estranho como eu. Ele intriga e, com isso, instiga. Ao mesmo tempo que anda rápido para a frente, o Newtrack tem suspensão macia. Mesmo quando dou golpes na direção, o movimento do carro nunca é duro e quadrado. A meia velocidade, perto de 80 km/h, ele se esgueira pelo asfalto. Juro que procurei outras imagens para explicar isso, queria fugir do trocadilho fácil, mas a melhor delas é essa mesmo: ele se move como uma cobra. Confesso que, quando vi o GTA 40 parado no portão 9, preferi não olhar. Feliz por saber que ele estava ali, quis guardar para mais tarde. No Vanilla Sky, chamam quem faz isso de “pleasure delayer” – algo como quem tem prazer em adiar o prazer. O GTA quase não veio. O diretor da Americar, Cleber Lopes, tinha medo de mal entendido: “Posso adaptar ao gosto do cliente, mas o modelo que eu tenho aqui é fiel ao original. Quem andou no GT40 sabe que ele não é para desfilar”. Respondi que meu objetivo era encontrar réplicas marcantes. O visual é do GT40 mais bonito, o Mk1, nas cores da Gulf Oil, patrocinadora de duas das quatro vitórias nas 24 Horas de Le Mans. Sob a tampa do tanque original vem outra trancada a chave. A empresa oferece, de opcional, sensor de estacionamento. O GT40 não prevê para-choques e, aliás, também não prevê visibilidade periférica. O interior do GTA 40 é um lugar de trabalho. Como a largada era fora do carro, o recorte da porta se prolonga pelo teto, para tornar o acesso fácil – e, às vezes, possível. Sou mais alto que a média, mas imagino que um piloto, de capacete, acabe apertado como eu. Pressionado pelo teto, fico com a cabeça de lado (e agora entendo por que o velocímetro é torto). As pessoas que fizeram história no GT40 – do naipe de Jacky Ickx, Bruce McLaren e Chris Amon – estavam ali porque eram pagas para isso. As 24 Horas de Le Mans eram não só uma corrida de carros, mas uma corrida de homens. Heróis. Veste-se o GTA como uma roupa. O pedal de embreagem corre na diagonal, por trás do pedal de freio. Perto do original, é leve e tem curso longo. Este Ford V8 não gosta de andar devagar, embora sua marcha lenta seja mais estável que a de um Copa Clio, o carro de corrida mais amigável que posso imaginar. Colada à perna direita, a alavanca de câmbio é manhosa. Não vai se você levar com jeito, e não avisa muito que foi engatada. Pede gestos decididos e confiança cega. A primeira marcha serve apenas para pôr em movimento. Chuto o pedal esquerdo, puxo a alavanca para trás e recolho a perna de novo, sem esperar confirmação. Ou o câmbio vai moer as engrenagens ou o carro vai andar – e é melhor que ande, o dono está no banco ao lado. Andou. Beleza. Não é furioso, mas anda rápido (por 280 000 reais, há uma versão de 480 cv). O V8 impressiona menos pelo ronco (o Cobra é melhor) e mais pelo calor. Mesmo de ar-condicionado ligado. O GTA escolhe seus donos. Precisa ser usado com convicção, intuitivamente, desde o começo, ou ele vai reagir com um coice. Isso traz tensão, mas o volante de camurça vai enxugando o suor das mãos. A incerteza e o desconforto físico fazem pensar que o dono deste carro encontra prazer em algum lugar distante do senso comum, como um maratonista que corre 40 km descalço. A direção rápida pede ações decididas, mesmo sem saber muito bem onde o carro começa e termina. O retrovisor interno mostra o filtro de ar em forma de triângulo e os retrovisores externos, o rabo de pato na traseira. O para-brisa é tão inclinado que até a visibilidade para a frente é distorcida, mas boa o suficiente para diferenciar o preto do asfalto e o verde da grama. Estreitar a convivência a ponto de fazer voltas seguidas no mesmo segundo levaria dias – mas o céu cor de baunilha já tende para o negro, avisando que o mundo perfeito está prestes a acabar.









Americar GTA 40 Motor: traseiro central, longitudinal, V8, 16V, gasolina Cilindrada: 4 949 cm3 Diâmetro x curso: 102 x 76 mm Potência: 350 cv a 5 500 rpm Torque: 44 mkgf a 4 600 rpm Câmbio: manual de 5 marchas, tração traseira Suspensão: Dianteira: independente, duplo A. Traseira: independente, multilink Dimensões: comprimento, 418 cm; largura, 180 cm; altura, 102 cm; entre-eixos, 242 cm Peso: 1 050 kg Peso/potência: 3 kg/cv Peso/torque: 23,9 kg/mkgf Pneus: 235/40 R17 (dianteiros) e 285/40 R18 (traseiros) Preço: 195 000 reais (básico)


MATÉRIA POSTADA NO BLOG: http://autoentusiastas.blogspot.com/2009/10/americar-maior-fabrica-de-esportivos-do.html

14 de outubro de 2009

AMERICAR, A MAIOR FÁBRICA DE ESPORTIVOS DO BRASIL
Postado por Arnaldo Keller



















































Este último Sábado fui visitar o Cleber, da Americar Veículos, lá em Santo André, SP, e me lembrei de quando o conheci, vários anos atrás, quando ele ainda estava começando a sua fabricação de réplicas do Ford Cobra.Era fabricação de fundo de quintal, mas já dava pra sentir que a garra do Cleber era grande, que seu trabalho era bom e que a coisa iria pra frente.E foi. Hoje, além dos Cobra, em sua nova e ampla fábrica ele produz uma belíssima réplica do Jaguar XK 120, também a réplica do Ford GT40 e em breve estará lançando a do Chevrolet cupê 1932. Sua fábrica está bastante ativa, com muita gente trabalhando firme e animada construindo carros cada vez melhores, mais bem acabados tanto estética quanto mecanicamente, e a clientela crescendo.E agora, ali ao lado da fábrica, na Avenida Firestone 1.300, ele abriu um show-room, chamado Auto Garage, onde, além de servir de mostra, ali eles executam alguns serviços mais simples nos carros dos clientes, trabalhos que não exigem o ferramental da fábrica.Fiquei muito contente com o merecido progresso do amigo e também por ele provar que trabalhando firme e direito ainda se pode viver de produzir esportivos de verdade aqui no Brasil.

Na Auto Garage, três carros chamaram mais a minha atenção: um XK 120 branco, que estava com vários acessórios idênticos aos originais do Jaguar, pois seu dono os trouxe da Inglaterra, como faróis de longo alcance Lucas, para-choques, retrovisores, tampa do bocal do tanque de gasolina, puxadores em tiras de couro para abrir as portas e um painel bem semelhante aos Smiths originais. Esse carro está de muito bom-gosto, muito chic, e sua motorização de Omega 4.1 lhe garante bom desempenho.Outro XK lindo é um preto, muito elegante.Ainda não concordo que um roadster tenha faixas bancas nos pneus, mesmo que sejam fininhas feito bigode de conquistador antigo, pois pra mim faixa branca é pra Cadillac ou outro carro de tiozão, e não para um roadster, que supõe-se que seja carro para esporte. Mas os donos quiseram assim, que seja, vai assim.Outro belo carro é um Cobra azul com faixas brancas, a cor “oficial” dos Cobra. O bacana, além da pintura, é o opcional de capota rígida, que ficou bem no estilo original. Talvez esse carro esteja com sapatos maiores que os pés, pois não vejo necessidade de tamanhos pneus. Mas se o dono quis assim, que seja.

Na fábrica vi mais três GT40 sendo terminados, dois vermelhos com faixa branca e um preto com faixa cinza. Não sei qual desses é o mais bonito, ou se o mais lindo é o azul com faixas amarelas da Gulf, que já tive o prazer de guiar bastante, na estrada, na pista da Goodyear, em Interlagos e subindo o Pico do Jaraguá na prova do Auto Union DKW Club. Os GT40 me deixam meio tonto de tanto que os admiro. Esses novos terão todos motores com mais de 400 cv, sendo que um deles terá 550 cv. O azul da Gulf, o number one, tem 340 cv – motor Ford de 5 litros – e já anda muito, daí que aguardo ansioso que esses fiquem prontos pra eu dar uma guiadinha neles. Alguns deles usarão injeção disfarçada de carburadores Weber, uma novidade gringa.Boa sorte, Cleber. Continue com ela e trabalhando forte e feliz. E abraços ao Rex, o teu cachorro viralatas que está sempre circulando por aí, checando se todo mundo, inclusive você, está trabalhando direito. Na sua primeira pequena fábrica de fundo de quintal ele já fazia o mesmo, o que me leva a pensar se não é ele o verdadeiro manda-chuva aí...































































2 de setembro de 2009

Matéria Auto Estrada - Chevy 33











http://autoestrada.uol.com.br/interno.cfm?id=2328

"Americar lança hot rod Chevy Coupé 1933"


Linhas nostálgicas escondem mecânica atual

A Americar, empresa especializada na construção de réplicas em fibra de vidro, vai lançar a partir do próximo mês um hot rod baseado no cupê Chevrolet de 1933.
Produzido sob encomenda, o carro será oferecido com motor Chevrolet 4.100 cm³, de seis cilindros, com 168 hp e câmbio de 5 marchas, com opção de caixa automática. O comprador também poderá optar pelo 2,4 litros, com 4 cilindros e 148 hp, com câmbio de cinco marchas, derivado da picape S-10.
O Chevy 33 terá freios a disco nas quatro rodas e direção hidráulica. Por trás da aparência de antigo, terá todo o conforto de um automóvel contemporâneo, como ar condicionado, vidros elétricos, sonorização com sistema MP3 e direção escamoteável para facilitar o acesso do motorista.
A proposta da Americar é criar um carro totalmente diferenciado mas que, por suas características mecânicas e de conforto, possa ser usado no dia-a-dia. A empresa, sediada em São Caetano do Sul, na região metropolitana de São Paulo produz outras réplicas de qualidade, como as do Jaguar XK 120, do Cobra 427 e uma premiada reconstrução do Ford GT40, lançada no ano passado.
















GT40 AMERICAR

Arnaldo Keller e Bob Sharp andam no GT40 da Americar, o GTA40. Veja abaixo as impressões de cada um.ARNALDO KELLER
Sábado de manhã o Bob e eu fomos ao revendedor Chamonix na Av Bandeirantes. Eu queria que o Bob guiasse a recém-lançada réplica do Ford GT40 fabricada pela Americar Veículos, de Santo André, SP.Uma, porque o Bob estava interessado no carro para uma matéria, e essa reportagem seria com o próximo GT40 que está no forno e prestes a sair, e outra porque adoro andar com o Bob guiando, seja lá com que carro for.Sua tocada impecável é sempre uma prazerosa aula, ainda mais quando em suas mãos está um carro danado de forte. Alegra-me observá-lo domar com delicadeza e suavidade uma máquina bruta e nervosa.E como eu já guiara esse GT algumas vezes, na Rodovia Bandeirantes, na pista da Goodyear e em Interlagos – quando testei o carro para a Car and Driver Brasil – eu sabia que o GT40 estava na medida para um bom passeio de arrepiar o cangote.Motor central-traseiro, um V-8 da Ford Racing. O motor veio dos EUA na caixa, já preparado e prontinho para uso. Cilindrada de 5 litros, bloco do Mustang dos anos 1990, cabeçotes de alumínio, 340 cv de potência. O motor é novo, pois continua a ser fabricado. Carburador Holley quadrijet de 750 cfm, portanto, um 5-litros bem alimentado. Transeixo de 5 marchas. Pouco peso, só 1.150 kg distribuídos em 43% na frente e 57% atrás. Traciona barbaridade.Estimo o 0 a 100 km/h abaixo dos 5 segundos e velocidade máxima de 280 km/h, ou mais. A 240 km/h eu já o tocara e foi moleza, com muita velocidade a crescer. Carro de macho.Como eu já estava bem acostumado com o carro, preferi sair guiando para ver se estava tudo em ordem e fomos até o primeiro posto da Rodovia dos Imigrantes, onde paramos para calibrar os pneus.É sempre assim, a primeira coisa que faço, após verificar os fluidos, é parar pra regular pneus. A experiência ensina. Volta e meia recebo carros com pressões erradas e/ou desparelhadas nos pneus, o que além de criar certo perigo atrapalha a correta avaliação do veículo. Esse estava com elas em ordem, 28 na frente e 32 atrás.Bob no volante e caímos na estrada. O Bob estava curtindo. Pela cara dele, por aquele som delicioso de motor forte e invocado que tomava a cabine, eu via que ele estava curtindo.Agora o Bob conta. É a vez dele de levar adiante.BOB SHARP
Assim que entrei no GT40, veio-me a lembrança de quando dei umas voltas num Lola-Chevrolet T70 no Autódromo do Rio, ali por volta de 1968/1969. O carro era dos irmãos Márcio e Marcelo de Paoli, éramos amigos e eles me ofereceram uma guiada. Era um dia de treino e eu estava andando com o meu DKW com carroceria de painéis de plástico. O motor do Lola também era de 5 litros e o porte do carro, muito próximo do GT40.Essa réplica é mesmo muito interessante. Chamou-me a atenção a precisão com que as portas fecham, apesar do difícil e original desenho de avançarem sobre o teto, maneira conhecida de tornar o entrar e sair com alguma facilidade em um carro tão baixo. Como muitos sabem, o “40” do nome era a altura do carro em polegadas, que corresponde a 1 metro e 16 milímetros.A cabine, logicamente, é apertada porém não-claustrofóbica, bem profissional. Não há luxos nem amenidades, pois o carro, assim como o que lhe deu imagem e semelhança, foi feito para andar rápido. E isso ele faz muito bem.
Pegar o tato da dura embreagem e do trambulador do câmbio até que não demorou muito e logo foi possível explorar a aceleração desse verdadeiro esporte protótipo. Com 3,4 kg/cv de relação peso-potência e uma área frontal pequena, devido à pouca altura, o resultado só poderia ser aceleração estonteante. Que prazer ir empilhando marchas e ver a paisagem passar cada vez mais rápido!O notável neste GT40 é a estabilidade direcional mesmo em alta velocidade. O carro não mexe. Como as boas supermáquinas, 200 km/h para ele é velocidade de passeio. O motor é um primor. Mesmo com algum desenvolvimento, gira baixo uniformemente e levanta com disposição. Puxei uma vez 6.000 rpm mas nem precisa, pois a 5.000 já faz um estrago danado. Impressionante como engole as marchas, não interessa em qual esteja. Mesmo vindo em quinta a 2.000 rpm, a resposta com as quatro bocas abertas é instantânea.Carros dessa estirpe devem dobrar e frear bem e isso o carro da Americar faz à perfeição. O carro é minimamente subesterçante e o chassi aceita potência no meio da curva sem reclamar, como foi possível sentir nas alças de acesso e de saída. A elevada força-g lateral encanta. Na hora de parar, nada de surpresas, os freios trabalham bem e em total harmonia entre eles.Não é carro feito para andar no trânsito denso, mas anda, sem problema. E com uma vantagem, ele não impõe respeito, é reverenciado. É como se os outros motoristas pensassem “ali vai um símbolo, não tem muita visibilidade, vou facilitar”, e recebe-se toda sorte de cortesia.Prova de que o Brasil não é o país só do futebol.